sábado, 8 de março de 2014

sábado, 1 de março de 2014

domingo, 23 de fevereiro de 2014

sábado, 15 de fevereiro de 2014

domingo, 9 de fevereiro de 2014

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

domingo, 12 de janeiro de 2014

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

sábado, 21 de dezembro de 2013

sábado, 7 de dezembro de 2013

sábado, 30 de novembro de 2013

domingo, 24 de novembro de 2013

domingo, 17 de novembro de 2013

domingo, 10 de novembro de 2013

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

sábado, 2 de novembro de 2013

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

domingo, 20 de outubro de 2013

sábado, 19 de outubro de 2013

Dragão 'puro' ou 'pombinha'?



INQUIETAÇÕES
“Os dragões não são todos iguais: há os dragões, dragões, e os dragões pombinha. Os dragões, dragões, os puros, são aqueles adeptos para quem o F. C. Porto está sempre em primeiro. Sempre em primeiro lugar, mesmo quando não está no primeiro lugar. Os dragões pombinha são os outros, espero eu que uma minoria, que gosta do F. C. Porto, mas também gosta a seguir de muitas outras coisas, como a Selecção. Um dragão, dragão nunca acha que pode ser mau vencer tudo. Enquanto um dragão pombinha se resigna quando o F. C. Porto é espoliado e até defende ser bom para o futebol português haver outro clube a ganhar, depois de cinco anos seguidos de triunfos. Um dragão pombinha é sempre pelos clubes portugueses nos jogos das competições europeias…”
“O novo presidente da Câmara do Porto é um portista assumido e já deu provas bastantes do seu ‘portismo’ militante. Rui Moreira ainda na passada semana em entrevista ao JN se confessou um portista titular de um dragon seat’. Já toda a gente percebeu, como me disseram vários portistas amigos, que com o novo presidente vamos poder festejar os títulos na Câmara da nossa cidade. Mas o que Rui Moreira tem afirmado a este propósito, também tem a ver com estas duas raças de dragão. Um dragão, dragão que chega a presidente abre as varandas da Câmara e prestigia a festa com a sua presença. Um presidente pombinha manda abrir as portas da Câmara mas depois refugia-se no meio da maralha, com medo da sacrossanta promiscuidade. Pode passar a noite em cânticos ou aos pulinhos, mas nunca dirão dele que se associou à vitória do principal clube da cidade. Embora pombinha na campanha, espero ter um presidente dragão, dragão na primeira oportunidade. Mesmo que não aceite levantar a taça.” (Manuel Serrão)

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Superioridade moral decadente



Achava muito apropriado que a CGTP fizesse a sua manifestação na ponte sobre o Tejo. Afinal que monumento temos que melhor simbolize os especiais privilégios da esquerda portuguesa do que esta ponte? Legalmente nascida "ponte que atravessa o Tejo" seria oficialmente designada como ponte Salazar. Depois passaria a 25 de Abril num processo cuja encenação fez parte da pressão da esquerda radical. Sábio, o povo que nunca chamara Salazar à ponte também não lhe passou a chamar 25 de Abril. Mas para quem tivesse dúvidas as regras ficavam ditadas: a ponte que era má porque era fascista tornou-se boa assim que revolucionariamente baptizada. Enfim, uma coisa pode em Portugal ser boa ou má consoante seja associada à esquerda ou à direita, respectivamente... Helena Matos

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Legados da boa gente



CONFIANÇA

Anda por aí gente preocupada, porque a redução das pensões aos reformados do funcionalismo público pode reduzir e abalar a confiança no Estado. Isto não se compreende. Até há muito pouco tempo o Estado só aparecia ao cidadão comum por três razões: para lhe tirar dinheiro, para o meter na tropa ou, mais raramente, para o prender. Nunca inspirou qualquer respeito e era universalmente detestado. Durante a monarquia tradicional o rei ainda inspirava alguma deferência, mas não os seus ministros, que os portugueses letrados consideravam invariavelmente ineptos, corruptos, quando não pura e simplesmente servos da Inglaterra ou da Espanha, ou seja, traidores sem atenuante ou sem desculpa. A opinião da classe média e da nobreza sempre os desprezou, mesmo se lhes pedia empregos ou sentenças favoráveis nos tribunais do reino.
Com o liberalismo as coisas pioraram. O rei já não encarnava o Estado e já não oferecia sombra de protecção à turba tumultuária, civil e militar, que passava efemeramente pelo governo ou pelo parlamento. O tema da essencial perversidade do Estado acabou por se tornar um tema obrigatório da nossa literatura. Eça contava que nos salões da "alta sociedade" (por exemplo, no salão da Gouvarinho) não se recebiam políticos, "porque as senhoras tinham nojo". Esta atitude não mudou durante a República e a Ditadura. Os criados de Salazar não mereciam mais do que boas maneiras, que eles, como de costume, pagavam com favores. Depois do "25 de Abril", algumas pessoas de uma acentuada ingenuidade pensaram que o Estado ia finalmente deixar de ser um "covil de ladrões" . Erro crasso.
Os jornais de hoje revelam escândalo sobre escândalo, que na generalidade envolvem o Estado ou antigos dirigentes do Estado. Do BPN ao desaparecimento dos dossiers a pingadeira não pára. E previsivelmente não vai parar. O tal buraco de que tanto se fala não é só um buraco financeiro, é também o buraco dos "negócios" do Estado, que, pelos nossos 308 municípios, penetraram Portugal inteiro, de Lisboa à mais remota vila de Trás-os-Montes. Há por aí grandes cemitérios de escândalos à espera que a miséria e o desespero do país se transforme em raiva e os desenterre. Os regimes morrem assim. Se a população não conserva o mais leve vestígio 

Vasco Pulido Valente - Público

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Loucas vias do incumprimento



Dizem por aí que não há alternativa à austeridade. Isto é uma das poucas coisas que irritam quase tanto quanto a austeridade. Para tanta gente que está certa de que o problema nacional é a política do Governo, afirmar-se que ela não tem alternativa parece uma tolice. Então e os múltiplos opositores, não seriam eles capazes de encontrar opções? Dizer que algo não tem saída é apenas mostrar a própria ignorância. A dificuldade não está em achar outros caminhos; o que é raro é que sejam melhores do que os que temos. Aí, dizem os críticos, a resposta é óbvia: dado este ser tão mau, qualquer outro é preferível. O que evidencia a ignorância de quem o afirma… João César das Neves

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Com audiências nada exigentes



AS FUNÇÕES DA RTP

Já se percebe por que razão Paulo Portas, num gesto único de autoridade, não deixou fechar a RTP: o governo precisava, como sempre, de uma estação que não hesitasse em fazer a sua propaganda. Qualquer propaganda, desde o chamado "alinhamento" à desavergonhada fraude do programa de anteontem O País Pergunta, um puro "tempo de antena" de Pedro Passos Coelho. Não é por acaso que se escolheu a quarta-feira anterior à discussão e apresentação do Orçamento (sábado, domingo e terça, 15). A maioria tinha de ser amaciada, o público de ser metodicamente enganado e o primeiro-ministro de estabelecer a sua supremacia na coligação. O País Pergunta conseguiu tudo isto e, pior ainda, misturar à coisa um cheirinho democrático para maior sossego dos tolos.
Como? Para começar, o director de Informação da RTP e o apresentador Carlos Daniel "analisaram" e escolheram as perguntas que o "país" podia fazer a Passos Coelho. Ostensivamente para evitar "repetições"; na verdade, para evitar um embaraço ou uma surpresa ao "chefe" da caranguejola que por aí se chama governo. O resultado destes trabalhos preliminares permitiu ao interessado eliminar o que lhe apeteceu e preparar à vontade as respostas mais convenientes. O que, em princípio, não é difícil. O primeiro-ministro sabe o essencial do que se passa (e do que se passou) na administração do Estado, ignora o "país" quando lhe apetece e aproveita a oportunidade para se expandir por assuntos que não vêm a propósito e se destinam a glorificar a sua política e a sua pessoa. Claro que, para o "povo" ali "representado", não há espécie de direito de réplica.
Na Inglaterra ou na América (onde a RTP foi buscar a inspiração ao velho Face the Nation), o "país" não é um conjunto aleatório e obediente de particulares, que o director de Informação pressurosamente juntou. Quem fala por ele é normalmente um jornalista ou dois, pouco susceptíveis de se intimidarem com o palavreado oficial e capazes de mostrar a verdade que os políticos lhe querem esconder. A segurança da pergunta-resposta não existe. Existe um debate duro, como existiria em Portugal se à frente de Passos Coelho estivessem, por exemplo, Miguel Sousa Tavares, Pacheco Pereira ou o meu amigo Rui Ramos. Em vez disso, como lhe compete, a RTP preferiu a farsa. Uma farsa que o primeiro-ministro aceitou ou por falta de inteligência ou por um oportunismo pueril e contraproducente.

Vasco Pulido Valente - Público

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Bamboleio angolano



Palancas Negras em vez dos Tuguinhas no Mundial do Brasil. Carrega Mantorras.

domingo, 13 de outubro de 2013

A caranguejola do improviso


PRODIGALIDADE E IMPROVISAÇÃO

Não sou capaz de escrever sobre as trapalhadas diplomáticas que o dr. Rui Machete nos resolveu arranjar. Nem sobre o envolvimento da ministra das Finanças com os chamados swaps. Nem sobre um governo com duas cabeças, que não abre a boca senão para desdizer o que disse na véspera ou para mentir com quantos dentes tem. A crise não desculpa tudo. Da crise não decorre necessariamente o caos político a que nos levaram ou a inépcia da gente que nos pastoreia. Era possível, em princípio, um pouco de ordem, dignidade e decência, que não há, e já se viu que não vai haver. A feira que por aí se instalou só se distingue da longa feira do velho Portugal histórico pela ausência de golpes de caserna e de guerras civis, quase sempre encenadas. No resto nada mudou.
Paulo Portas de quando em quando rosna algumas frases sobre os malefícios do "protectorado". Não se lembra com certeza que vivemos sob o "protectorado" inglês, pelo menos, desde 1807, com uma pequena atenuação durante a Ditadura, porque a Ditadura obedecia religiosamente ao que Londres lhe mandava. Como hoje ele e o inconcebível escuteiro que passa por primeiro-ministro obedecem à sra. Merkel. A sra. Merkel quer que Portugal se torne na pequena Alemanha que ela fabricou: com salários relativamente baixos, com um Estado social equilibrado e comportável, com uma produtividade decente e uma economia sustentada pela exportação. E com ordem, segurança e zelo. A dama não conhece Portugal e não compreende o absurdo desta receita.
Hergé percebeu melhor os portugueses. O sr. Oliveira da Figueira é um retrato mais fiel do que nós somos do que as centenas de gestores de gravata que por aí se passeiam e que Passos Coelho tão bem encarna e simboliza: na sua conversa, na sua ignorância e nas fantasias que vende a um público que ele julga crédulo e pateta. Hoje e amanhã, os ministros, reunidos num especialíssimo conselho, irão aprovar um orçamento de remendos, de retalhos, de uma ou outra ocasional trafulhice e em geral de uma suma e desavergonhada hipocrisia. À prodigalidade sucede agora a improvisação. E a improvisação não permite a ninguém planear coisa nenhuma. O país continuará ao acaso no caminho da miséria e do desespero. Mas suspeito que Passos Coelho não se incomoda. Como se incomodaria, se ele nunca pensa?

Vasco Pulido Valente - Público

sábado, 12 de outubro de 2013

Quando só o estilo é tudo



Qual é a pressa? Se tudo pode resolver-se com os mínimos, no último jogo, feitas as contas finais de ganhos e perdas, por mais insólitos que sejam os cálculos. Só falta desertarem todas as estrelas e deixarem o encargo aos habituais suplentes. Porque a principal tarefa dos craques é cuidar da imagem.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Da falta de jeito de quem governa



Os cortes no domínio da segurança social não deviam surgir isolados. Deviam fazer parte de uma reforma profunda que respondesse a duas grandes questões: que sistema vai garantir a reforma dos que estão a meio do percurso contributivo? os jovens que no futuro próximo entrarão no mercado de trabalho vão descontar para este sistema falido ou será criado um sistema novo? Mas o governo continua mudo sobre este ponto. O primeiro-ministro ainda não percebeu que um político começa sempre pela solução e não pelo problema. No actual contexto, um político reformista devia encontrar soluções para o futuro do sistema. Só depois devia lamentar a insustentabilidade do sistema de protecção social… Henrique Raposo

Seguramente inseguro



O dr. Seguro, por pressão dos partidos à sua esquerda (que sempre recusaram o Memorando assinado com a Troika), e pela rapidez com que a estrutura e a militância socialistas se queriam ver livres dessa "mancha pecaminosa", progressivamente foi-se sentindo constrangido e também se desresponsabilizou. Discursa, discorre, afirma não o que o País precisa, mas ou o que os seus "medos" querem ouvir, ou aquilo que não prejudique a sua liderança. O País está depois, o PS primeiro. Esse é o problema. Era melhor alguma prudência e verdade, alguma aderência à realidade que nos rodeia. Seguro sacrifica isso em nome da glória momentânea, que ainda por cima não há meio de lhe chegar... Ângelo Correia

O crime e a mansidão




A NOSSA MANSIDÃO

Há duas semanas, um tribunal resolveu notificar o sr. José Oliveira Costa para o julgamento de um novo "caso" do sr. Duarte Lima. Para grande espanto do tribunal e da generalidade dos portugueses, o sr. Costa tinha desaparecido. Passaram uns dias. A sra. ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, declarou em público que achava "muito estranha" a dificuldade de encontrar um indivíduo com "uma pulseira electrónica" no tornozelo (ou no pulso).
A sra. ministra ignorava que o sr. Costa já não usava qualquer "pulseira", que só estava sujeito à mais branda das "medidas de coacção" (o "termo de identidade e residência"), que se podia livremente ausentar durante cinco dias, quando bem quisesse e lhe apetecesse e, pior ainda, que pedira um passaporte ao SEF, que também não percebeu nada da trapalhada em curso.
O sr. Costa acusado da fantástica fraude do Banco Português de Negócios é hoje a única personagem dessa santa façanha, de que a lei, a televisão e os jornais se continuam a ocupar. Ao princípio, uma dúzia de notabilidades pareciam implicadas no assunto. Mas, depois, pouco a pouco, acabaram por se esquecer e conseguiram voltar ao doce conforto do anonimato, com o nosso dinheiro. De qualquer maneira, custa a acreditar que o sr. Costa fizesse pessoalmente e sob sua única responsabilidade afundar o BPN e roubar a quantidade de contribuintes que o banco roubou. Com certeza que o ajudou um considerável número de colegas, com influência financeira e política. E, no entanto, ninguém abre a boca sobre esses beneméritos, que já foram semi-reabilitados e aparecem, como quem não quer a coisa, nos restaurantes de Lisboa e até na sede de um partido.
O Estado tem hoje 12.000 processos contra os devedores do BPN e anda em negociações (suponho que amigáveis) com mais 6000. No meio disto, o sr. Costa é um colaborador ou simplesmente um bode expiatório, destinado a proteger os seus cúmplices e a esgravatar por aqui e por ali uns tostões para o governo? Mas, mais grave do que tudo o resto, porque misteriosa razão, cinco anos depois do "escândalo BPN", os tribunais não o puseram ainda no banco dos réus, com o bando de cúmplices que o serviu? Por medo de revelações que não convêm ao regime ou parte dele? Por dificuldades jurídicas? Por mero excesso de papelada? Nós somos de facto um povo muito manso.

Vasco Pulido Valente - Público

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O ministro das manchetes



Rui Machete, com os sucessivos tiros nos pés, pode dizer estar a ser vítima de assassinato político. No entanto apenas está ser vítima de si próprio… Paulo Pinto Mascarenhas

Hipotecar futuro dos mais novos



Após ter havido quem se reformasse com pensões acima do seu salário, após existir quem considera um direito adquirido receber automaticamente uma pensão de sobrevivência independentemente do valor dos seus rendimentos... quem se reformar daqui por alguns anos não levará senão 60 a 65 por cento daquilo que foi o seu último ordenado. Ou ainda menos se a sustentabilidade presente do sistema não obrigar a tomar mais medidas. Porque por muito que custe admiti-lo, a verdade é que todos os cortes efectuados até agora não significaram que Portugal gaste menos em pensões… Helena Matos

Chatear o Camões



O chamado retrato de Camões na prisão foi revelado por Maria Antonieta Soares de Azevedo em 1972. Sendo um testemunho muito importante, este retrato não é propriamente uma obra de arte. A peça é de execução tão imperfeita quanto colorida. O desenho é tosco e desajeitado, com flagrantes erros de perspectiva e de escala. Mostra um Camões arruivado, de guias do bigode assimétricas, sentado a uma mesa, segurando uma travessa na mão direita e uma pequena peça escura na esquerda. Estará prestes a trabalhar num dos cantos de Os Lusíadas. O poeta parece dispor de um certo "conforto intelectual": vemos vários cartapácios na parede, pode consultar uma carta geográfica que tem perto de si, certamente para verificar qualquer afirmação ou referência do poema. Mas o gibão está roto na manga esquerda e a comida representada não parece abundante. Não sabemos se a prisão em que o poeta se encontra é a de Goa ou a da Ilha de Moçambique... Vasco Graça Moura

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Fim de Jesus é o fim de Vieira



Os benfiquistas estão fartos de Jorge Jesus. Mas, atenção, o grande responsável por esta situação não é Jesus. O culpado é o Presidente Vieira. O tema de debate não devia ser o pós-Jesus, mas sim o pós-Vieira. Toda a gente antecipou este cenário, Vieira foi a única pessoa no planeta que não quis ver o óbvio. E que jamais volte com a treta do voto de confiança no treinador. Henrique Raposo

Elites e inteligências




O "Jornal de Angola" de hoje mantém o tom dos últimos dias e volta a atacar as “elites portugueses ignorantes e corruptas”, porque adoptam “posições nada lúcidas e pouco inteligentes". O artigo salienta que “nos dias de desespero os dominadores da máquina mediática portuguesa sobem de tom e recorrem ao insulto reles e grosseiro contra os dirigentes angolanos eleitos pelo povo”. O diário angolano conclui ainda que José Eduardo dos Santos e o MPLA têm “um fortíssimo e inegável apoio popular e isto não agrada a Portugal”. Por fim e na linha da reciprocidade de tratamento, “se em Portugal continuam a chover insultos e calúnias, não podemos continuar pacientemente à espera que a inteligência ilumine as elites portuguesas corruptas e ignorantes”. A resposta nestas circunstâncias só pode ser uma: "Reciprocidade".

Quadrilhas políticas domésticas




A  LOUCURA

Apesar da CNE, a televisão acabou como sempre por influenciar os resultados de 29 de Setembro. Em primeiro lugar, os partidos começaram por escolher personalidades da televisão, pelo menos, para as grandes cidades. Claro que ninguém discutiu o lugar e os direitos de António Costa. Mas convém lembrar que António Costa teve durante muito tempo uma sessão de propaganda semanal na Quadratura do Círculo e que, com a prestante ajuda de Pacheco Pereira, conseguiu impor a imagem de um homem informado, inteligente, conciliador e calmo. Muitos dos votos que o eleitorado lhe deu vieram directamente da SIC. Já o abismo entre o comentário desportivo e a política séria engoliu facilmente o sr. Seara, que, de resto, não se ajudou a si próprio com uma campanha incoerente e megalómana.
Verdade que Rui Moreira também aproveitou de um programa de futebol que o tornou uma figura nacional. Mas, nesse programa, Rui Moreira representava o FC do Porto, que o patriotismo paroquial do sítio recebeu com o entusiasmo do costume, e era, além disso, um bom representante da burguesia indígena, na qual (apesar de Camilo) a cidade se continua a rever. Até os velhos mitos do cerco do exército liberal na guerra civil de 1832-34 se foram buscar. Seja como for, na noite de 29, Rui Moreira passou a encarnar a rejeição dos partidos, que ele mesmo sublinhou no discurso final em que longamente falou no "Partido do Porto" e na superioridade dos portuenses. Pior ainda, por aqui e por ali, apareceram outras personagens parecidas de vária pena e pinta. E não se pode dizer que por acaso.
O facto de 54,6% dos portugueses se terem recusado a eleger os partidos do regime (o PS, por exemplo, na sua enorme vitória, perdeu quase 200.000 votos) é uma condenação drástica da II República. Como a desordem constitucional a partir de 1890, embora moderada pelo rei, claramente anunciou o fim da Monarquia. Basta ver as reticências com que António Costa conseguiu não se pronunciar sobre o cumprimento do seu mandato, e as cenas de faca e alguidar do último conselho nacional do PSD, para se perceber que estes dois pilares do "arco governativo" não estão muito preocupados com o destino do país. No meio da miséria e da falência o que preocupa é a ambição das quadrilhas domésticas, que o ódio, a inveja e o ressentimento transformaram num objectivo absoluto. A loucura tomou conta da República.

Vasco Pulido Valente - Público

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Penduricalhos e más companhias




É a despedida do Major. Em Gondomar, varinhas-mágicas, torradeiras, e ferros-de-engomar, já deu o que tinha a dar. Para enaltecer a ourivesaria da terra e honrar os parceiros, acaba a dourar medalhas. Na hora dos brindes com "Porto sentido", correram lágrimas, soou o "apito" e lembraram "pecados velhos" de má memória. Há marcas indeléveis.

Queriam que Rui Machete mentisse



Pedir desculpas a Angola faz parte do nosso rosário pós-colonial: carregar o fardo do homem branco continua a fazer cócegas em muita consciências culpadas... João Pereira Coutinho

A farsa do estado social



"VIÚVAS ABONADAS"
'Estado social'. Inventada pela direita no século XIX (Bismarck), esta ideia generosa vive dias de farsa no início do século XXI. Na sua concepção original, o estado social servia apenas os mais pobres, era uma forma de manter a sociedade unida, sem que ninguém ficasse de fora, sem que ninguém caísse na indignidade. Era uma rede, não um modo de vida. Era uma ajuda, não um poço de privilégios inflacionados. Ora, após século e meio de praxis, podemos dizer que a ideia está muito longe da concepção original. Por toda a Europa, o estado social é usado por grupos privilegiados da classe média. Basta olhar para Portugal.
A história das pensões de viuvez é outro exemplo. 'Viúva' não é escalão do IRS. Num país onde a média das pensões ronda os 400 euros, viúvas com reformas abonadas não podem receber um suplemento. É injusto. A senhora x deve receber a "pensão de sobrevivência" se a sua dignidade ficar em risco após a morte do marido. Mas, se recebe uma reforma de 1000, 1500 ou 2000 euros, a dignidade da senhora x não fica afectada num país onde o salário mínimo não chega aos 500 e onde o salário médio está entre os 800 e os 900 euros. Na verdade, esta ideia justa (apoiar a viuvez) está a ser deturpada por milhares de abusos. Existem "pensões de sobrevivência" superiores à reforma combinada de muitos casais. Que justiça social é esta? E quantas viúvas continuam a ser viúvas mesmo depois de viverem décadas com um segundo 'marido'? Para se proteger quem realmente precisa, é necessário impor um tecto máximo a partir do qual não haja direito a pensão de viuvez. Não é uma questão financeira, é uma questão de moral pública. (Henrique Raposo)

No geral, as pensões de viuvez ou de sobrevivência reflectem uma época em que a média salarial dos homens era muito superior à das mulheres; ainda o é, mas muito menos... Henrique Monteiro

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Relacionamentos e manipulações



A ‘Casa dos Segredos’ é entretenimento em que só interessa a ‘realidade’ inventada para o ecrã. Os concorrentes sabem bem que os escolhem para provocarem episódios, em especial ‘relacionamentos’. A ocupação dos concorrentes também reduz a amostra para uma fauna pouco comum na sociedade. Um tipo de jovens adultos desprendidos do mundo do trabalho ou do estudo que querem entrar no mundo dos famosos da TV por aquilo que sabem fazer: conversa de bar, interacção com pessoas da sua idade, exibição do corpo e ‘relacionamentos’ para singrar no ecrã da vida. As dinastias da celebridade já saltaram do cinema para o universo leve da TV... Eduardo Cintra Torres

Um enorme problema, o País



Declaração de desinteresses. Nunca votei em eleições autárquicas, não quero saber quem manda na autarquia da minha terra e, na maioria das vezes em que penso nisso, preferia que não existisse autarquia nenhuma. Deixem-me sonhar: um Governo Civil bem apetrechado, com meios para delegar tarefas em empresas privadas, chegava e sobrava para o gasto. Com a vantagem de que o gasto seria bem menor. E os nossos impostos também. Claro que as câmaras municipais constituem os verdadeiros centros de emprego, mas enquanto essa não for assumida como a sua real, e talvez única, serventia, não consigo levá-las a sério… Alberto Gonçalves

Retorno do ciclo da degradação



O “5 DE OUTUBRO”

Este é o primeiro ou segundo ano em que não se comemora o "5 de Outubro". Mas nunca a "estranha" queda da Monarquia foi tão importante para compreender a política portuguesa. A origem dessa queda começou na degradação dos partidos do regime (o Partido Regenerador e o Partido Progressista), que pouco a pouco se dividiram em quadrilhas (cada uma com seu chefe ou "marechal") e se combateram ferozmente com a prestante ajuda dos revolucionários republicanos. A história começou com o vexame diplomático do "Ultimato Inglês", continuou com sucessivas crises financeiras de 1890 a 1902, para acabar no assassinato de D. Carlos em 1908 e no caos que ele necessariamente provocou. Durante vinte anos, nem os regeneradores, nem os progressistas se conseguiram entender para fortalecer a Monarquia de que, afinal de contas, a sua própria sobrevivência dependia.
Desde o princípio (1890-1891) explodiram querelas no Partido Regenerador entre os três candidatos, que persistentemente se acusavam e caluniavam para chegar à chefia absoluta, que, supunham eles, lhes garantia um poder quase ilimitado sobre o país: João Franco, Hintze Ribeiro e Júlio de Vilhena. Mas, depois da morte do rei, apareceram outros. João Franco chegou mesmo a uma cisão definitiva, criando o Partido Regenerador-Liberal, a que a "inteligência" portuguesa aderiu entusiasticamente. Um pouco mais tarde, José Maria Alpoim também se resolveu separar do Partido Progressista e fundou a "Dissidência Progressista", famosa pela sua radical falta de escrúpulos.
D. Carlos, que percebia os perigos da situação, ainda tentou reorganizar o sistema partidário, com a ajuda de Franco e dos regeneradores-liberais. Infelizmente, era tarde para um exercício tão profundo e duro. Ele foi mesmo morto no Terreiro do Paço e Franco exilado. O desprezo que os portugueses tinham pela política, e muito particularmente pelos partidos, fez com que não mexessem um dedo para pôr alguma ordem e seriedade na política e, no "5 de Outubro", para defender o regime da insurreição republicana. Basta dizer que no exílio (e tirando meia dúzia de obstinados), nem o rei D. Manuel queria voltar a Portugal. Embora odiassem a República, a classe média e grande parte da população não a tencionavam trocar por um regresso à vida velha; e até se divertiam a observar a humildade dos seus depenados senhores.

Vasco Pulido Valente - Público

domingo, 6 de outubro de 2013

Leituras e contas feitas



Cavaco Silva vai explicando, só têm de parar para o ouvir. O País só terá crescimento económico com investimento estrangeiro e só haverá investimento estrangeiro se houver estabilidade. O Bloco Central tem de se entender sobre as grandes reformas que há para fazer. Se continuarem a pensar apenas em si próprios e nas suas continhas, continuarão a ganhar eleições, perdendo o País… Paulo Baldaia

Complicações do sobrenatural



Educar religiosamente as crianças dá um trabalhão. É muito mais fácil não educar. É muito mais simples deixá-las em paz e sossego com as coisas mundanas da vida. E esta dificuldade aplica-se a qualquer religião. Em qualquer uma o enredo é difícil de explicar e de entender. As crianças, ao contrário dos adultos, querem saber porquê. Exigem saber o significado de tudo, a razão de ser de cada coisa e qual o objectivo de cada acção. Ora nós, pobres crentes, não sabemos nem metade daquilo que eles querem saber. Já fizemos as perguntas que queríamos e agora só queremos estar sossegadinhos na intimidade da nossa fé. O que chega e sobra. As crianças não. Perguntam, com todo o desplante, porque é que são baptizadas e o que é que acontecia se não fossem. Também perguntam porque é que vão à missa, porque comungam, o que é a hóstia, quem é o Espírito Santo, o significado da cruz, etc. Ninguém as cala. Por exemplo, como é que se explica a uma criança a razão pela qual Santo António falava aos peixes? Porquê os peixes, se os peixes não percebem nada? Ora responder a isto tudo é quase impossível. O que nos resta, sendo óbvia a ausência de base racional, é a teimosia. Educar um filho religiosamente é ser teimoso... Inês Teotónio Pereira

Independentes e renovação na política



Não faço parte do coro dos que acham que todos os nossos males estão na classe política, e ainda menos da claque de demagogos que anda por aí a gritar que os que servem em funções públicas só estão lá para se servirem, sobretudo se não forem da sua cor política. Pelo contrário. Acho até extraordinário como tantos milhares de portugueses se dispuseram a candidatar-se às autárquicas, mesmo sem a esperança de grandes, se algumas, recompensas económicas. Por isso não posso deixar de assinalar que, apesar de tudo, estas eleições também nos mostraram que os partidos continuam a ser os grandes organizadores da vida política e que, se souberem ler os resultados, se perceberem como muitas vezes foi a lógica dos militantes e do aparelho que os perdeu, talvez possam encontrar novas formas de irem ao encontro da cidadania e de revitalizarem a democracia. A possibilidade de a escolha dos seus futuros candidatos passar a ser feita em primárias abertas aos eleitores é um caminho que podiam explorar, até de forma descentralizada e experimental... José Manuel Fernandes

sábado, 5 de outubro de 2013

Chegar tarde mas a tempo



Os Bandex são uma família com talento e ideias, que, se o perfil da conta no Facebook não me engana, começou a sua actividade em Março de 2011. Demorei dois anos e meio a conhecer o trabalho dos talentosos Gelpi. Mesmo não circulando em meios online com mais "sensibilidade de esquerda", indignados, contra a troika, etc., passo algum tempo da minha vida no YouTube, o meio de eleição do grupo. Chego tarde, mas chego a tempo… Carla Hilário Quevedo

Sobre o que é o mal



Num dos seus primeiros textos sobre o fim da II Guerra Mundial, escreveu Hannah Arendt em 1945: "O problema do mal será a questão fundamental da vida intelectual do pós-guerra na Europa - tal como a morte se tornou fundamental no fim da última guerra [1914-1918]." É um tema que nunca abandonou. Por uma curiosa coincidência vai estar em Lisboa dentro de dias o cineasta e escritor francês Claude Lanzmann, autor do genial Shoah (1985), filme-reportagem que mudou o nosso modo de olhar a tragédia judaica. Lanzmann é o paladino actual dos críticos de Arendt. Le Dernier des Injustes é em parte uma crítica a Eichmann em Jerusalém, sobre a "banalidade do mal" e sobre o papel dos conselhos judaicos. Lanzmann começou a sua obra sobre a Shoah, em 1975, o ano em que Arendt morreu... Jorge Almeida Fernandes

Costumeira dos dias seguintes



Agora os tapetes de relva vão degradar-se e aqueles arbustos acabadinhos de plantar vão perder a sua graça. Agora as bicicletas pintadas no alcatrão vão apagar-se. Agora os buracos vão voltar aos mesmos sítios onde estiveram durante anos. Agora vamos ter uma pequena pausa nos boletins, revistas, espectáculos e demais ‘performances' de múltiplos e avençados artistas que nos garantem que o município é uma festa. Agora vai ser assim até que daqui a três anos e meio a girândola comece a girar de novo e eles de novo comecem a prometer o impossível, quando não o indesejável. Depois dos excessos escandalosos e até obscenos das vésperas do acto eleitoral que atravessou o País, nos próximos tempos a rotina voltará às autarquias... Helena Matos

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"Assessores de Porra Nenhuma"



Os senhores deputados da nação parecem não ter emenda. Como a vida custa a todos, estão genericamente transformados em marionetas dos chefes dos partidos políticos. São incapazes de um mero esboço de independência de raciocínio. Valem-se de um sistema político hermético, em circuito fechado, para fazerem de conta que não percebem como o povo está cada vez mais farto do esquema. O país merece melhor. Não vai lá pela sistemática mudança de tralha nos gabinetes do pessoal político - de governantes a deputados, de vereadores a ASPONE (Assessores de Porra Nenhuma!). Mais cedo do que tarde, impõe-se mudar esta República... Fernando Santos

Poucos motivos para comemorar

Ora essa! Não gosto de fazer leituras nacionais de eleições locais. Julgo ser uma mania centralista e lisboeta que retira dignidade a cada uma da batalhas eleitorais do País. Mas se é para fazer uma leitura nacional de 300 eleições locais, então vamos lá fazer a coisa em condições... Henrique Raposo